quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Grapheine

Lembrei-me disto um dia destes, já não me lembrava do nome do site, com as trocas de computadores perdi alguns filmes antigos feitos por mim e pelo PTT que eram excelentes, mas lá voltei a encontrar a coisa. Trata-se de um site fabuloso, aliás dois, o "Bombay TV" e o "Classik TV". Se estiverem aborrecidos e sem vos apetecer fazer nada, ou então só mesmo para descontrair um bocado, passem por lá, "façam" o vosso próprio filme e mandem para os amigos... dá para tudo, só é preciso um bocadinho de imaginação.
No Bombay TV fazem-se filmes mais imediatos e mais curtos, é bom para descontrair. O Classik TV já requer um pouco mais de tempo, um maior sentido de coordenação da história, um pouco mais de imaginação... mas tudo é possivel!
Acho que já não vou a tempo dos óscares deste ano, mas em 2011 pelo menos sete vão ser meus...


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A Morte saíu à rua...

Hoje fui a um velório. Um senhor que não conhecia pessoalmente, tio da minha mulher, mas daqueles que não são muito próximos... não o conhecia, pronto. Mas o senhor faleceu hoje de manhã e fui com ela ao velório... Ainda por cima é um dia com um significado pesado para a familia dela, uma data que recorda muitos mortos... mortos muito próximos, mortos muito amados, mortos muito novos para serem mortos. E fiquei a pensar na morte e nas formas que cada um tem de lidar com ela. O primeiro funeral a que fui, que me lembre, foi de uma grande Amiga, mulher de um grande Amigo, que morreu de cancro com 27 anos. Eu devia ter uns 24. Depois disso nunca mais morreu ninguém que me fosse assim muito chegado. Até há dois anos atrás. Então, em menos de um ano, faleceu a avó da minha mulher, a minha avó e o avô da minha mulher...
Saí para a rua, há bocado, fui fumar um cigarro no frio, e fiquei a pensar nisso... nas maneiras com que lidamos com a morte. Eu, pessoalmente, acho que temos que honrar os que amamos enquanto os temos connosco, depois, quando eles morrem, fica o amor e ficam as memórias, mas o corpo é apenas isso, um corpo morto. Já não é a pessoa que nos enchia o coração. Talvez por isto eu encare a morte com uma certa... não vou dizer leveza, porque não o é, mas talvez arrisque desprendimento. Talvez por isto os rituais funerários católicos não me digam muito. Ou melhor, dizem, não gosto deles. O velório acima de todos. Acho que serve para mostrar que estamos a sofrer por ter perdido alguém... se calhar é feio dizer isto, mas parece-me uma espécie de mostruário. A familia senta-se ali à volta do morto e os conhecidos e amigos passam por lá a desejar "os sentimentos"... Mas se fosse só isto eu até me calava. Acredito que para algumas pessoas seja realmente um momento para se despedirem de quem morreu, mas para a maior parte das pessoas é um sitio onde se vai para verem que se foi lá, e, ainda por cima, dá para estar um bocado a falar com o pessoal que já não se vê há uns tempos... está lá um morto, mas, depois de dar os sentimentos à familia, já ninguém se lembra dele... Além disso, a própria familia tem que fazer um velório como deve ser... na terra da minha mulher, velório que se preze tem de ser a noite toda! Ponto! Porque senão toda a aldeia vai ficar a falar disso... e então ali fica a familia mais próxima à volta do corpo morto, numa maratona de silêncio ou de conversas avulso sobre tudo e mais alguma coisa para enganar o sono, ou mesmo a passar pelas brasas... porque tem de ser! Eu não consigo perceber como é que isso honra a pessoa que faleceu... Aceito, obviamente, e respeito, que se cumpram estas tradições, apenas não as compreendo. No velório da minha avó estive quase todo o tempo cá fora, à porta da casa mortuária, a conversar com amigos. Se, enquanto a minha avó era viva, nunca passei uma tarde e uma noite sentado em silêncio a olhar para ela, porque é que o faria agora...? Passava muito tempo, isso sim, à conversa com ela, mas aquele corpo já não é "ela"... não é num sitio com velas e um ar pesado que eu me sinto próximo dela... é nas memórias, nas coisas e nos sitios que ela gostava, no que me ensinou, nas pessoas que, como eu, gostavam dela... Acho importante que se relembre quem morre e que as pessoas se juntem para chorarem em conjunto a dor de perder quem se ama... é mais fácil, ou pelo menos mais intenso. Tudo o resto... aceito e respeito, mas não compreendo nem me identifico. Fiz 25 anos três semanas depois da nossa Amiga morrer. Foi das festas de anos mais brutais que já fiz!! Porque foi mais intensa. Porque todos sentiamos a falta dela. Ali, naquela festa. Porque era ali, onde ela gostava de estar, onde tinhamos todos passado momentos inesqueciveis com ela, que nos sentiamos mais próximos dela. Acho que foi a melhor homenagem que lhe podiamos ter feito. Acho que foi a melhor maneira de nos despedirmos dela... em vez de ficarmos em casa, cada um para seu lado num respeitoso silêncio vestido de negro, juntámos os amigos, como sempre, e pintámos a manta como só ela o sabia fazer... rimos e chorámos e, de cima duma cadeira, fizemos um brinde com ela, porque era assim que ela vivia, era assim que nós a conheciamos, era assim que nós a amávamos. E falámos dela, e lembrámo-nos de tantas e tantas coisas que ela dizia e fazia e acontecia, e rimos e chorámos, como sempre tinhamos feito com ela... Porque era ali que ela estava, não numa sala mal iluminada e com pessoas em silêncio numa vila alentejana...

terça-feira, fevereiro 09, 2010

A espera...


Não é a espera do pássaro. Essa é a espera que lhe é inerente, que a natureza lhe destinou. É a espera de quem se alimenta dos restos. Não, não é essa espera que esta imagem me transmite. É a espera da criança. Que, infelizmente, é uma espera desesperançada. É a espera dos pobres, não dos paises, mas das pessoas, que esperam que os ricos, os paises e as pessoas, decidam deixar de ser menos ricos e façam alguma coisa para todos deixarem de ser pobres... É essa espera. A "crise financeira" andou e continua a andar nas bocas do mundo. Mas não do mundo todo. Se calhar nem sequer de metade do mundo. Para os que são pobres, para os que são realmente pobres, não há crise financeira. Nem nunca houve. O que há é a luta diária para sobreviver. Não para viver, para sobreviver. E, na maioria das vezes, perdem.
Somos um mundo um bocado triste, em que uma duzia de senhores eleitos para serem os donos da riqueza, vão lançando umas esmolas aos pobres, em faustosas cimeiras devidamente mediatizadas para polir bem o seu orgulho e mostrar quão preocupados estão com o problema da pobreza. E continuam a gastar o seu dinheiro em guerras por petróleo e por isto e por aquilo, e por todo o lado, pessoas continuam a morrer de fome... a morrer de fome!
Desde a revolução industrial que a humanidade avançou de uma forma brutal e rápida em termos de desenvolvimento, descobrindo e criando coisas que permitiram produzir muito mais e criar muito mais riqueza. Temos internet, eu posso estar a escrever estas palavras num portátil com cinquenta mil funções, alguém as pode ler num laptop enquanto viaja num comboio super rápido a caminho do seu emprego num laboratório que produz medicamentos que curam inúmeras doenças, enquanto come uma barra energética baixa em calorias porque está de dieta... e milhões de pessoas morrem de fome. Gastam nem imagino quanto dinheiro em material de guerra e em guerras... e milhões de pessoas morrem de fome. Temos uma estação espacial, que agora até vai levar uma cúpula panoramica, temos aviões ultrasónicos, temos navios de luxo e carros fantásticos... e milhões de pessoas morrem de fome. Descobrimos a cura de montes de doenças, uma série de vacinas, aprendemos a produzir comida de uma forma brutalmente mais eficiente... e milhões de pessoas morrem de fome...
Que raio de humanidade é que tem lideres destes? Que, apesar de tudo o que têm à disposição, deixam que imagens destas ainda existam... Eu gosto muito deste desenvolvimento todo, "mea culpa" também, obviamente. A responsabilidade é de todos nós, simples mortais trabalhadores, classe média que tem possibilidades de estar a escrever e ler este post, pois apesar de não mandarmos no mundo nem sermos os senhores da riqueza, ajudamos a produzi-la e somos donos de alguma... é óbvio que gostamos do nosso conforto, da nossa vida... eu gosto e sinto-me um felizardo por ter nascido numa familia trabalhadora deste Portugal. Mas não podemos, ninguém pode nem deve, ficar indiferente a imagens destas. Não é admissivel que neste século XXI milhões de pessoas morram de fome por esse mundo fora. Já não estamos na Idade Média, porra!! E, neste caso, ninguém pode pôr as culpas na crise do "sub-prime". A culpa é de todos. Muito mais de uns que de outros, mas de todos.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Gatos

Quando eles ainda faziam humor do bom...